quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Ponte entre rios capítulo VIII

 AMIZADE




Eloá e Bernardo estavam sempre juntos. Quer seja trabalhando ou almoçando. Eloá passou a frequentar o refeitório onde os trabalhadores almoçavam. Para ela, a comida servida ali era mais saborosa, pois não tinha o sabor da falsidade e nem da puxa-saquice que impregnava o refeitório da ADM.

Em uma determinada manhã, Eloá saiu de sua mesa e foi à sala de Bernardo entregar-lhe uns relatórios que foram enviados pelos encarregados.

— Aqui estão os relatórios que você pediu.

— Maravilha, pode deixar aí em cima que eu vou dar uma olhada quando voltar da inspeção.

— Está bem, se precisar de algo, é só falar.

— Na verdade, eu gostaria de saber se você quer ir comigo fazer a inspeção. Seria bom ter a sua opinião sobre a parte estrutural que estamos fazendo.

— Claro, as coisas estão tranquilas por aqui.

 — Combinado. Então daqui a pouco iremos! Só preciso terminar esse e-mail, ok?

Uns dez minutos depois, eles estavam a caminho da construção a fim de fazerem a inspeção. Teriam de passar por uma estrutura metálica fixada ao lado dos pilares montada para que fosse possível atravessar de um lado ao outro sem a necessidade de utilizarem um barco.

— Cuidado com a cabeça, ele disse ao passar por uma viga um tanto baixa.

— Esse negócio balança muito! Não é perigoso?

— Não. A estrutura está bem presa, não se preocupe. Só certifique-se de segurar bem no corrimão. Aqui venta muito.

Depois de atravessarem para o outro lado, chegaram até o lugar onde as calhas para acondicionar os fios estavam sendo instaladas. Bernardo conferiu na planta a posição, distância, altura; estava tudo conforme especificado.

— O que acha Eloá?

— Está tudo certo do ponto de vista da estrutura. Verifiquei os cálculos e tudo foi feito de acordo com o projeto.

— Temos de tomar um cuidado redobrado aqui para que não haja vazamento de tensão. Se isso acontecer, pode ser fatal. Ele disse seriamente.

A construção da ponte serviria também para levar a linha de transmissão de um lado para o outro do rio. As cidades vizinhas enfrentavam muitos problemas de apagões por causa de um sistema elétrico ineficiente que não dava conta da demanda energética exigida. Por esse motivo, as cidades, por meio de uma parceria, idealizaram o projeto da construção de uma ponte que serviria para o escoamento da safra de grãos e para a interligação das matrizes energéticas, ampliando assim a capacidade de produção de energia.

Ao voltarem da inspeção, tiveram que seguir novamente pela estrutura metálica. Ventava um pouco mais forte e a estrutura balançava bastante. Eles caminhavam com uma certa dificuldade, sendo lançados de um lado para o outro. Eloá ia à frente, Bernardo logo em seguida. 

Um vento forte fez com que a estrutura balançasse e Eloá perdeu o equilíbrio. Bernardo rapidamente a segurou evitando que ela caísse. Ele a segurou firmemente nos braços. Ela sentiu o corpo quente e forte de Bernardo segurando o seu, isso fez com que seu coração disparasse. Em contrapartida, Bernardo sentiu algo ao ter em seus braços Eloá. Seu perfume, seu calor, seu corpo tremendo, fizeram-no desejar tê-la para si.

— Obrigada, quase caí.

— Esse lugar é traiçoeiro, vamos nos apressar e sair logo daqui, ele disse.

De volta ao escritório, aquelas sensações continuaram vívidas em Eloá. Bernardo, quase como uma doce lembrança, revisitava aquele momento em sua memória. À hora do almoço, seus olhares se cruzaram, ficaram encabulados. Eloá sentiu como se seu rosto estivesse pegando fogo. Bernardo ficou sem jeito, desviou o olhar, sentiu seu coração acelerar. O que é isso? Perguntava-se, mas não conseguia encontrar uma resposta, ou até sabia, mas não queria admitir.

Ao final do dia, resolveu ir ver Gorete. Ela seria capaz de apagar aquela impressão que ficou-lhe no coração, assim ele pensava.

— Como eu fiquei feliz ao receber a sua mensagem dizendo que viria me ver.

— Desculpe não ter conseguido vir antes, mas estamos atolados de serviço. Vim rapidinho, e daqui a pouco terei que voltar. Ainda tenho muitos documentos para analisar.

— Você quer jantar?

— Não, eu vim mesmo só para matar a saudade que senti. Ele disse olhando para o relógio.

Ela sorriu e deu-lhe um beijo. Os dois saíram do restaurante e foram dar uma volta de mãos dadas ali perto mesmo. Depois de caminhar um pouco, eles se detiveram, ficaram frente a frente. Ele a olhou nos olhos, colocou a mão em seu rosto e a beijou demoradamente.

Eloá estava inquieta e sentia-se sufocada. As sensações que experimentou mexeram com ela de maneira tal que nunca havia sentido antes. Precisava sair, respirar, espairecer. Decidiu ir até à cidade e tomar alguma bebida.

Quando chegou ao centro comercial, viu Bernardo andando de mãos dadas com Gorete. Viu-os parar, ficarem um de frente um para o outro e beijarem-se. Estremeceu. O que era aquilo que sentia? Por que aquela cena doeu-lhe o coração? O que tinha ela que ver com aquilo? Duas longas lágrimas escorreram-lhe pela face causando-lhe estranheza.

Esqueceu-se do que tinha vindo fazer ali. Voltou para o seu alojamento sentindo-se amargurada. Tinha raiva de si mesma e dele. Não queria acreditar que ter visto aquilo mexeu tanto com ela. É um erro, pensou.

Bernardo, assim que terminou de beijá-la, viu Eloá. Com um gesto automático, soltou as mão de Gorete, sem saber exatamente por que estava fazendo aquilo. O que deu em mim, pensou. 

— O que aconteceu? Tá tudo bem?

— Sim, tá, eu… só me lembrei que preciso voltar logo. 

— Ah, poxa! Fica mais um pouco, vai!

— Não posso mesmo, só vim te ver rapidinho.

Bernardo despediu-se da namorada e voltou para o alojamento ainda um tanto confuso por causa de seu comportamento. Eloá entrou em seu quarto sentindo-se um tanto estranha e confusa. A imagem dele beijando Gorete não saía de sua mente. Achava que estava ficando louca. Nunca havia nutrido qualquer tipo de sentimento amoroso em relação a Bernardo. Não sabia o que estava acontecendo. Talvez apenas estava impressionada, pois não imaginava encontrá-lo com alguém. Ficavam muito tempo juntos e nunca ouviu dele qualquer menção de uma possível namorada.

Bernardo chegou ao seu quarto, meio desnorteado. Não atinava no motivo que o fizera agir daquela maneira. Aprendera a gostar de Eloá, pois passavam muito tempo juntos, mas nunca pensou nela como algo mais do que uma colega de trabalho e mais, achava tudo isso muito errado, pois namorava Gorete que era uma garota maravilhosa. Se era assim, por que sentia-se confuso?

Eloá ainda sentindo-se amargurada, resolveu ligar para Fernando. Não gostava do que estava acontecendo consigo. Sempre tivera controle de seus sentimentos e a ideia de estar à mercê de sensações das quais desconhecia, deixavam-a apreensiva. Era necessário dar um basta. Já fazia algum tempo que vinha pensando na possibilidade de dar uma chance a seu pretendente. Desde o dia em que ele se declarou, pensava nessa possibilidade. Agora estava decidida a tentar. 

Ele era uma pessoa muito agradável e tinha a aprovação de seus pais, o que facilitava as coisas. E quanto aos seus sentimentos? Gostava dele por acaso? O amor poderia vir com o tempo, desde que ela conseguisse estar no controle de suas emoções, afinal de contas, quando seus pais se casaram, não havia amor envolvido e já se passaram trinta anos de uma casamento relativamente feliz.

— Alô!

— Alô, olá Eloá, que surpresa agradável, ele disse. Nós não nos falamos mais desde aquele dia no almoço em sua casa. O que aconteceu? Está tudo bem?

— Tá tudo bem sim, eu só liguei porque preciso falar com você. Quando poderemos nos encontrar?

— Se for algo urgente, eu posso encontrá-la amanhã mesmo. 

— Podemos nos ver amanhã no fim da tarde, então?

— Claro, assim que eu sair do escritório eu passo aí. Estou muito feliz por você ter me ligado.

— Eu também fiquei feliz em ouvir a sua voz. Nos vemos amanhã então?

— Claro!

— Então, até amanhã.

— Até.

Eloá desligou convencida de que essa era a melhor coisa a ser feita. No dia seguinte, as coisas seriam resolvidas e todo aquele sentimento estranho seria apagado, assim pensava.

Na manhã seguinte, Bernardo não teve coragem de olhar nos olhos de Eloá, era como se tivesse feito algo de errado, pelo menos era assim que ele se sentia. Eloá quando o viu tratou-o indiferentemente. A imagem do beijo entre ele e Gorete sempre lhe vinha à memória e causava-lhe um certo desconforto. Não entendia e nem via motivo para tal, mas era assim que estava se sentindo.

O dia foi bastante puxado. Na hora do almoço, Eloá não esperou por Bernardo e quando ele chegou ao refeitório, sentou-se a uma certa distância dela. Estava envergonhado.

— Nossa, o clima tá estranho não está? Bibiana disse.

— Pois é, será que os dois brigaram? Marinez perguntou aos colegas.

— Devem ter brigado, sempre se sentam juntos no almoço e agora tá cada um num canto, Domingos reparou.

— Eu lembro que há um tempo atrás esses dois viviam como cão e gato. Será que o namoro acabou? Carlos quis saber.

— Vai saber, quem entende esse povo. 

Até os engenheiros que trabalhavam no escritório notaram o climão que estava entre Eloá e Bernardo.

— Que bicho mordeu esses dois? Paula chegou já perguntando.

— Não sei, até ontem de manhã tava tudo normal. Depois da inspeção que eles foram fazer juntos, o negócio desandou, mas hoje tá pior. Bruno contou.

— Será que estavam namorando e terminaram? Pode ser isso, não é? Moacir perguntou.

— Melhor não nos metermos nesse rolo se não pode sobrar pra gente, né? Lara ponderou.

As especulações continuaram, mas nem Eloá, nem Bernardo sabiam ao certo porque estavam agindo de maneira tão estranha. Durante todo o dia trocaram poucas palavras e elas se limitavam a coisas do trabalho.

Ao fim do dia, Eloá recebeu uma ligação de Fernando avisando-a de que estava chegando. Ela levantou-se, pegou suas coisas e saiu sem se despedir. Bernardo apenas acompanhou-a com os olhos. Como estava um pouco desanimado, resolveu encerrar o expediente mais cedo. Isso causou surpresa em todos porque geralmente, ele e Eloá eram os últimos a sair.

Uma certa excitação tomou conta de Eloá. Estava ansiosa por encontrar Fernando. Assim teria fim aquela agonia na qual estava mergulhada. Foi ao estacionamento para esperar a chegada dele.

Uns dois minutos depois, Fernando estacionou o carro. Quando a viu, abriu um largo sorriso e isso a fez achá-lo ainda mais bonito.

— Que alegria poder te encontrar depois de tanto tempo, ele disse.

— Fico feliz em poder vê-lo também. 

— Estou aqui, o que você queria me dizer?

— Vamos nos sentar ali naquele banco, assim poderemos conversar tranquilamente, pode ser?

— Claro. Como você desejar.

 Bernardo saiu da sala e viu Eloá indo para os lados do estacionamento. Aquela situação estranha entre os dois estava deixando-o ansioso e aflito. Queria pôr fim àquela agonia. Por isso, decidiu segui-la. Quando chegou ao estacionamento e ia chamá-la, viu Eloá com um camarada que estava usando terno. Ficou imóvel observando-os irem sentar-se em um banco ali perto. Pensou em ir embora, mas sua curiosidade foi aguçada, escondeu-se e ficou observando-os. Por que fazia aquilo, não pensou no motivo, apenas fez.

— Eu pensei muito no que você me propôs no dia do almoço e agora eu estou pronta para te dar uma resposta.

— Você não sabe o quanto eu esperei por esse momento. Sei que naquele dia eu te surpreendi com a minha proposta, mas é o que sinto.

— Depois de pensar muito, eu acho que devo dar uma chance a nós dois. Então eu aceito a sua proposta.

Nesse momento, Fernando chegou mais perto de Eloá, segurou a mão dela, inclinou-se e a beijou. Enquanto era beijada, a imagem que veio em sua mente foi da cena do beijo que presenciara entre Bernardo e Gorete. Instintivamente afastou o rosto.

— O que foi? Aconteceu algo?

— Ah, não… não foi nada. Apenas imaginei ter ouvido alguma coisa e me assustei, só isso.

Bernardo viu a cena do beijo e um sentimento estranho tomou conta dele. Não sabia o que fazer e nem porque estava assim, virou-se e saiu. Eloá percebeu uma movimentação próxima de onde estava, quando olhou mais atentamente, viu a silhueta de Bernardo que se afastava. Será que ele viu o que aconteceu?

No dia seguinte, as coisas entre eles continuaram um tanto estranhas, mas não tanto quanto antes, aos poucos um ar de normalidade começou a pairar novamente para alívio dos demais, pois não estavam mais suportando aquele clima esquisito.

Um pouco mais tarde, Bernardo saiu de sua sala e dirigiu-se à mesa de Eloá a fim de entregar-lhe o cronograma do dia.

— Esse será o cronograma da terceira fase do projeto. Por favor, repasse aos encarregados o quanto antes. É muito importante que todos tomem ciência o quanto antes.

— Está bem, farei isso agora mesmo.

— Ah! Por falar nisso, quem era aquele que estava contigo ontem? Eu nunca o vi aqui antes, é algum parente?

— Ah, você viu? Era o meu namorado.

— Namorado? Eu não sabia que você tinha namorado, você nunca disse nada.

— Você também não disse que tinha uma namorada.

— Como você sabe disso?

— Acabei vendo vocês juntos no dia em que eu fui até a cidade à noite.

— Ah, é que as coisas aconteceram muito rápido e eu não tive tempo de contar.

— Comigo foi a mesma coisa. Acabou acontecendo assim.

— Então podemos marcar um dia e sairmos nós quatro, o que acha?

— É, pode ser, quem sabe.

Depois de dizer isso, Bernardo voltou à sua sala pensando na proposta que fizera, sentiu-se um idiota. Eloá ficou parada assimilando o que ouvira. Ele acha que é tão fácil assim? Pensou.

No fim de semana seguinte, Fernando veio à obra buscar Eloá. Passariam o fim de semana juntos. Eloá entrou no carro. Estava muito bem arrumada. Assim que sentou-se, viu Bernardo que vinha do escritório. Seu coração disparou. Sem pensar, escondeu-se. Fernando achou aquela atitude estranha.

— Tá tudo bem, Eloá?

— Sim… não foi nada. 

— Tem certeza? Você parece um pouco agitada.

— Não é nada, apenas estava ansiosa pelo nosso primeiro encontro como um casal, só isso.

Bernardo estava voltando ao seu alojamento quando passando pelo estacionamento viu Eloá entrando no carro de  Fernando. Isso mexeu com ele a ponto de ficar mal humorado. Depois de ter presenciado Eloá entrando no carro de seu namorado, Bernardo decidiu visitar sua namorada.

Gorete estranhou quando ele chegou para vê-la, pois estava com um olhar um tanto soturno. Apenas olhou-o doce e ternamente. Sorriu. Abraçou-o e deu-lhe um beijo caloroso.

— O que você tem, ela perguntou.

— Nada, por que?

— Você não está com a cara boa, aconteceu algo?

— Só estou um pouco cansado por causa do trabalho, só isso.

— Quer dar uma volta e conversar?

— Boa ideia.

Bernardo conduziu Gorete ao carro da empresa que estava usando. 

— Por que estamos indo para o seu carro, ela perguntou?

— Eu quero dar uma ida até à cidade vizinha, fiquei sabendo que lá tem um barzinho com música ao vivo e acho que você vai adorar.

— Nossa, que romântico. Já adorei.

Cerca de meia hora depois, chegaram ao barzinho. De fato, era um lugar bem romântico. Gorete adorou o lugar. Bernardo esforçou-se para tirar da memória aquela cena de Eloá entrando naquele carro.

Era um lugar bem aconchegante. Havia um mezanino onde os músicos ficavam. Tinha várias mesas de madeira espalhadas pelo recinto. Um grande balcão ficava embaixo do mezanino onde as bebidas eram preparadas. As vigas de sustentação do mezanino eram de madeira e também sustentavam o tablado que também era de madeira. Tudo isso dava um certo ar rústico ao ambiente que estava decorado sobriamente. Atrás do balcão ficava a porta que dava acesso à cozinha e a portinhola por onde os pedidos eram entregues.  

— Faz muito tempo que eu não venho a um lugar assim, ela disse reparando em tudo ao redor.

— Que bom que você gostou. Fiquei preocupado que você não fosse gostar, afinal, você trabalha em um bar-restaurante, não é?

— É diferente. Lá é trabalho, aqui é diversão, além do mais, você está aqui comigo e isso é o mais legal de tudo.

— Você falando assim, eu fico lisonjeado, brincou e deu um beijo em Gorete, o que a deixou envergonhada.

O restaurante era chique, digno dos  gostos mais refinados. A reserva havia sido feita com certa antecedência, pois a lista de espera costumava ser grande, tudo isso por causa do grande e renomado “chef” que comandava a cozinha naquele lugar.

O restaurante ficava no vigésimo terceiro andar do prédio comercial mais imponente da capital. Era frequentado por grandes empresários e industriais, homens e mulheres de negócio que detinha a maior parte da riqueza do país. 

A maior atração estava em suas vidraças que permitiam ter uma visão panorâmica da cidade. As mesas eram de vidro fumê com quatro poltronas cada, proporcionando o requinte e o conforto que aquela clientela buscava. O teto era luxuosamente ornamentado.  Em um canto, perto do bar, havia um piano de cauda tocado habilmente por um pianista de certo prestígio. 

— Fiquei sabendo que esse lugar é bem concorrido, Eloá disse, admirando-se da decoração.

— De fato, há uma fila de espera de uns dois meses para conseguir reservar uma mesa neste restaurante. Se não fosse pelo fato de o “chef” ser um amigo da família, talvez teria sido impossível.  

— Não precisava ter se esforçado tanto, para mim, o mais importante é a companhia.

— Eu queria escolher um lugar que fosse agradável, aconchegante e que tivesse uma comida deliciosa.

— Realmente fiquei surpresa, pois esse lugar é mesmo muito bonito. Faz jus à fama que tem.

— Fico feliz que você tenha gostado.

A conversa durante o jantar foi bem agradável, o tempo passou que nem perceberam. Fernando encantava-se cada vez mais com Eloá. O que começou apenas como uma curiosidade, transformou-se rapidamente em amor. Pensava nela constantemente. Depois desse jantar, sentiu que de alguma forma estavam mais próximos. 

Gorete sentia-se cada vez mais apaixonada por Bernardo, ele era carinhoso, atencioso, tinha um bom papo e gostava de elogiá-la sempre. Era uma companhia muito agradável. Ele por seu lado esforçava-se por tornar os encontros que tinham o mais agradável possível. No entanto, algo faltava. Não sabia o que era.

Eloá sentia-se lisonjeada por toda a atenção que Fernando lhe dispensava. Procurava corresponder à altura, mas algo faltava. Não conseguia se entregar totalmente. Tentava convencer-se de que o tempo seria capaz de mudar isso.

Fernando e Eloá passaram o fim de semana juntos, Bernardo e Gorete também. Ao final do dia, Bernardo estava estacionando o automóvel quando Fernando estacionou ao seu lado. Bernardo não reparou em quem estava no outro veículo. Assim que saiu do carro, enquanto trancava-o, Eloá saiu do carro em que estava. Aquela situação foi um pouco estranha, pois eles não sabiam muito bem o que dizer. Em seguida, Fernando saiu do carro e ficou ao lado de Eloá que parara em frente a Bernardo.

— Está chegando agora também? Ela perguntou a fim de puxar conversa. 

— Sim, estava na casa de minha namorada, onde passei o fim de semana.

— Eu também passei o fim de semana na casa de meu namorado.

— Espero que tenha se divertido tanto quanto eu, ele disse com um certo tom de ironia.

— Sem dúvida que me diverti. Ah, que cabeça a minha, nem te apresentei o meu nanorado. Este é o Fernando! Fernando, este é o Bernardo, trabalhamos juntos no projeto de construção da ponte.

— Prazer!

— O prazer é meu!

— Bem, vou indo, vocês ainda devem ter algo a conversar. Até amanhã!

— Até!

Depois de cumprimentar o namorado de Eloá, Bernardo seguiu rumo ao seu dormitório. Que exibida, tava querendo se mostrar, é? Precisava falar que estava na casa do namorado? Como se eu me importasse com o que ela faz ou deixa de fazer, pensou enquanto caminhava.

— Eu gostaria de ficar mais tempo contigo, mas não posso. Tenho uma audiência amanhã bem cedo, por isso preciso ir.

— Não tem problema, eu também tenho que levantar cedo.

— Nos vemos no próximo fim de semana?

— No que depender de mim, sim.

Fernando deu um beijo em Eloá, entrou no carro e partiu. Ela ficou observando-o enquanto se afastava. Virou-se e começou a andar rumo ao seu alojamento. Que cara de pau! Como tem coragem de ficar falando de sua intimidade assim? O que eu tenho que ver com isso? pensou enquanto andava.


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